Cada vez mais pessoas e empresas ponderam a compra de um carro eléctrico quando chega a hora de trocar de viatura. A economia e a facilidade de manutenção são dois dos principais argumentos que convencem a avançar para a mudanças mas não são os únicos. O conforto associado a um interior mais espaçoso (sem túnel central) da maioria dos eléctricos, o silêncio de rolamento. o poder de acelaração superior (os motores eléctricos têm o binário disponível desde o momento do arranque) e, claro, as preocupações ambientais são argumentos que convencem cada vez mais gente.
No entanto, na hora de trocar, há diversos factores a considerar. Desde logo, o factor custo. Os veículos eléctricos ainda são mais caros que os seus equivalentes a combustão. As boas notícias, é que essa diferença continua a diminuir e há cada vez mais opções a valores mais acessíveis. Os custos de aquisição e utilização são provavelmente o parâmetro que mais depende de cada um e, por isso, há que fazer bem as contas. O calculador de custos de utilização do Batterya dá uma ajuda.
Carregar o carro
Antes de comprar um carro eléctrico, é preciso saber como é que o vamos carregar. Na rua? Em casa? No trabalho? É importante ter estas questões bem presentes. O custo e o tempo varia muito em função da resposta.
Num carro eléctrico, falamos sempre em dois tipos distintos de carregamentos: carregamentos em corrente alternada (AC), habitualmente utilizados em casa ou nas empresas, e carregamentos em corrente contínua, ou seja, o que encontramos nos postos de carregamentos disponíveis na via pública.
Em relação aos carregamentos AC, é importante ter em conta que, independentemente da velocidade máxima de carregamento AC suportada pelo carro, esta está sempre condicionada à potência disponível em casa ou no posto em questão.
Hoje em dia, a maior parte dos carros eléctricos suportam potências AC até 11 kW, embora não se aplique a todos. Por outro lado, começam a aparecer cada vez mais carros que suportam até 22 kW. Quer isto dizer, que um carro com bateria de 100 kW a carregar a esta potência, conseguiria fazer um carga completa em cerca de 5 horas. No entanto, o mais comum em casa ainda é carregar a 3,7 kW. Para fazer uma estimativa de um tempo de carregamento, podem utilizador o nosso calculador. Os dados das baterias e potências de carregamento para todos os modelos à venda, encontram-se nas fichas técnicas que podem facilmente encontrar na pesquisa de carros eléctricos.
Carregamentos rápidos
No que diz respeito aos carregamentos rápidos ou em corrente contínua (DC), a larga maioria dos modelos disponíveis já permite potências de carregamento acima de 50 kW. Abaixo dos 50 kW, existe apenas um punhado de modelos, a maioria citadinos ou modelos em fim de vida. No outro extremo, já se encontram vários modelos com potência máxima acima dos 250 km. Este nível de potências permite, por exemplo, que um Porsche Macan carregue 80% a sua bateria de 96 kWh em pouco mais de 20 minutos, ou dito de outra forma, carregue mais de 400 km de autonomia nesse espaço de tempo.
Convém também lembrar que a velocidade de carregamento está limitada pela potência máxima disponibilizada pelo posto, por isso, um modelo que suporte carregamentos até 200 kW, nunca irá carregar a mais de 100 kW se essa for a potência máxima do posto. Cada vez há mais postos rápidos acima dos 50 kW e a tendência é as potências disponíveis continuarem a aumentar. Face a isso, a maior parte dos modelos à venda já tem pelo menos 100 kW de potência máxima de carregamento DC.
Se apenas existir a possibilidade de carregar o carro em postos públicos, convém ter em conta que o custo é bastante superior ao custo de carregar em casa. Vários factores afectam o preço do kWh mas o mais importante é a potência de carregamento. Por norma, quanto mais potente, mais caro o posto de carregamento. Para se ter uma ideia, em Portugal o custo médio do kWh doméstico é de 0,22€ (claro que pode ser mais alto ou mais baixo, dependendo do contrato de cada um). Num posto rápido, o custo pode oscilar duas a quatro vezes este valor.
Bateria e autonomia
A bateria é, sem dúvida, um dos pontos mais importantes a ter em conta quando se compra um carro eléctrico. A capacidade de armazenar energia é medida em kWh e obviamente tem um impacto directo na autonomia.
Assim, logicamente, quanto maior for a capacidade da bateria, maior será a autonomia total para um mesmo modelo. Quanto aos valores, entre os modelos à venda no nosso mercado, variam entre os 21 kWh da versão de entrada do FIAT 500e ou os 25 kWh do Dacia Spring até aos 116 kWh do Mercedes G580 e os 118 kWh do Mercedes EQS. No entanto, estes são exemplos extremos e a maioria dos modelos à venda tem capacidades entre os 50 kWh e os 100 kWh.
Contudo, convém não ter apenas em conta a capacidade da bateria para saber qual a autonomia que podemos esperar num eléctrico. Factores como a aerodinâmica ou o peso têm também um papel decisivo no valor final, bem como outros factores menos tangíveis como a gestão do próprio software do fabricante ou a refrigeração das baterias. Pegando no exemplo acima dos Mercedes EQS e G580, o EQS tem versões com cerca de 200 km a mais de autonomia em relação ao G580, apesar de terem baterias idênticas. A aerodinâmica do sedan favorece-o largamente em comparação com o design quadradão do G-Klasse. A massa do todo-o-terreno tem também muito peso aqui.
Assim, para ter uma ideia mais concreta dos valores de autonomia, convém consultar os valores homologados pelos fabricantes, os quais são homologados segundo a norma WLTP. Neste artigo, analisamos em mais detalhe os factores que influenciam os consumos e autonomia.
Outros factores
Como em qualquer outro carro, o espaço disponível é algo a ter em conta no momento da compra. Um eléctrico que utilize uma plataforma dedicada para EVs pode ter ganhos interessantes face a um que utilize uma paltaforma convencional.
A utilização de bomba de calor, cada vez mais habitual, no sistema AVAC do carro tem também um efeito positivo na autonomia dos carros eléctricos. Embora o impacto seja sentido em climas frios, a eficiência destes sistemas é benéfica para a autonomia.
Por fim, o próprio software do infoentretenimento pode ter influência no momento de decidir qual carro comprar. Aqui entra sobretudo a preferência pessoal, a interface de um determinado modelo pode não ser do agrado de todos mas haverá outro que satistaz. Pode-se ainda considerar também a importância de extras como a integração de postos de carregamento no cálculo de rotas ou a disponibilidade de Android Auto e Apple Carplay como factores a ter em conta na hora de decidir.