Para “abastecer” um veículo eléctrico há algumas diferenças relativamente a um veículo a combustão. No fundo, o conceito é o mesmo: ligá-lo a uma fonte de energia e “atestá-lo” de energia.
Ainda assim, na hora de ligar o carro há tomada, há diferenças que importa entender: que tipos de carregamento existem, quais os tipos de tomada existente, que tempos esperar… Neste artigo, tentamos ajudar a esclarecer as questões fundamentais dos carregamentos de carros eléctricos.
Carregamento AC e DC
A maneira de “abastecer” carros eléctricos é através de carregamentos eléctricos. Os carregamentos podem ser feitos em casa ou em postos na via pública.
Os carregamentos domésticos são realizados em instalações de corrente alternada (AC). É a corrente que nos chega a casa e estes carregamentos tendem a ser mais lentos. Os veículos com maior potência de carregamento doméstico actualmente permitem carregamentos com potência até 22 kW.
Os carregamentos em postos públicos são, maioritariamente, realizados em instalações de corrente contínua (DC). Estas instalações permitem potências de carregamento muito superior que, actualmente, podem ir até valores na ordem dos 300 kW.
Note-se que, para atingir a potência máxima de carregamento, esta tem de estar disponível no local. As velocidades máximas de carregamento são previstas para as potências máximas suportadas.
Tipos de carregamento
Os carregamentos costumam ser classificados de acordo com a potência máxima disponível no posto e correspondente velocidade. Os intervalos de classificação podem variar, de acordo com a fonte, mas normalmente não diferem muito destes valores:
Carregamento normal – até 22 kW
Carregamento rápido – mais de 22 kW e até 50 kW
Carregamento super rápido – acima de 50 kW
Em Portugal, o carregador mais potente actualmente activo é de 350 kW.
Porta de carregamento
Existem diferentes tipos de portas de carregamento de carros eléctricos. Na hora de carregar, é necessário ter a certeza que o posto de carregamento tem disponível o carregador compatível com o do veículo. Hoje em dia as portas Tipo 2 e CCS são standard na Europa e todos os veículos eléctricos novos vendidos no Velho Continente vêm equipados com estas portas para, respectivamente, carregamentos AC e carregamentos DC (rápidos). Contudo, um pouco por todo o Mundo existem diferentes tipos de porta de carregamento que convém conhecer:
Portas de carregamento AC
Tipo 1 (J1772) – é um tipo de carregador comum em veículos americanos (excepto Tesla) e que pode ser também encontrada no Japão, Coreia do Sul e Tawin. É uma tomada monofásica e limitado a carregamentos de baixa potência, apenas até 7,4 kW.
Tipo 2 “Mennekes” – a tomada Tipo 2, também conhecida como Mennekes (a empresa que desenhou o formato), é a tomada standard europeia e asiática desde 2018. Os veículos lançados desde então, trazem este tipo de porta de carregamento. É uma tomada trifásica e pode carregar com potências até 43 kW. Para além da Europa, é utilizada também na América do Sul, Singapura, Austrália, Índia, entre outros.
GB/T (20234.2) – é um formato chinês utilizado para carregamentos AC. Faz parte da família de standards GB/T (guóbiāo/tuījiàn que significa algo “standard nacional recomendado/voluntário). Tem correspondência com o formato Tipo 2 mas com uma interface diferente.
Portas de carregamento DC
CCS1 – significa Combined Chargin System e é um standard utilizado para carregamentos rápidos na América (excepto Tesla). É uma porta do Tipo 1 combinada com duas entradas para contactos adicionais. Permite carregamentos de mais de 300 kW mas o valor máximo está dependente do hardware do veículo. É o formato utilizado na Europa para carregamentos rápidos.
CCS2 – significa Combined Chargin System e é o tipo de porta utilizada para carregamentos super rápidos. É uma porta do Tipo 2 combinada com duas entradas para contactos adicionais. Permite carregamentos de mais de 300 kW mas o valor máximo está dependente do hardware do veículo. É o formato utilizado na Europa para carregamentos rápidos. Para além da Europa, é utilizada também na América do Sul, Singapura, Austrália, Índia, entre outros.
CHAdeMO – é um standard asiático, permite carregamentos bidireccionais mas está praticamente em desuso, uma vez que os fabricantes asiáticos adoptaram também as tomadas Tipo 2. Alguns modelos japoneses vendidos em Portugal utilizavam esta tomada como o Honda e, Nissan Leah e Lexus UX300. No entanto, à medida que foram descontinuados, os modelos CHAdeMO deixaram de existir, uma vez que mesmo os novos modelos japoneses utilizam o standard CCS2. Uma vez que o Leaf foi dos primeiros modelos eléctricos com vendas siginificativas em Portugal, existem ainda muitos postos de carregamento com este tipo de tomada.
GB/T (20234.3) – é um formato chinês utilizado para carregamentos DC (rápidos). Faz parte da família de standards GB/T (guóbiāo/tuījiàn que significa algo “standard nacional recomendado/voluntário). Tem correspondência com o formato CCS mas com uma interface diferente.
Portas de carregamento AC/DC
Tesla (NACS – North American Charging Standard) – é um standard aberto criado pela Tesla e também conhecido como NACS e definido pela norma SAE J3400. É utilizado pelo fabricante americano no seu mercado doméstico desde 2022 e tem vindo a ser adoptado por outros fabricantes na América. Utiliza o mesmo protocolo ISO 15118 que os carregadores CCS e, por isso, basta um adaptador de tomada para poder carregador um veículo com porta NACS num carregador CCS.
Tempo de carregamento
O tempo de carregamento é, como o nome indica, o tempo que é preciso para carregar a bateria de um veículo eléctrico. Quando falamos em tempo de carregamento, podemos utilizar diferentes métricas. Uma das mais conhecidas é o tempo de carregamento dos 0-100%. Este é o tempo que a bateria demora a carregar desde o estado de completamente vazia (0%) até estar na sua capacidade útil máxima (100%). É mais utilizada quando falamos de carregamento em casa, uma vez que o tempo não é tão crítico e, se for necessário carregar até aos 100%, o carregamento dura a noite toda.
Quando falamos de carregamentos rápidos, a métrica mais habitual é a do tempo de carregamento dos 10%-80%. Este é o tempo que a bateria demora a carregar dos 10% até aos 80% da sua capacidade. Faz sentido utilizar esta medida para avaliar carregamentos rápidos. Após os 80%, a velocidade de carregamento diminui substancialmente e não faz sentido utilizar carregadores rápidos nessas condições.
Velocidade de carregamento
Normalmente refere-se como velocidade de carregamento à autonomia em km que o carro ganha por cada hora de carregamento. É, por isso, medida em km/h (quilómetros por hora). Uma velocidade de carregamento de 300 km/h significa que, naquelas condições, o carro carrega 300 km de autonomia numa hora de carregamento.
Note-se que este valor é dinâmico. Depende da potência a que carro esteja a carregar e varia em função da carga da bateria. Para gerir a vida das baterias, normalmente o carregamento é mais lento no início e no fim. As velocidades óptimas de carregamento normalmente atingem-se entre os 20% e os 80% de capacidade carregada.
Nas especificações dos veículos eléctricos, a velocidade de carregamento refere-se à velocidade máxima de carregamento que aquele carro consegue atingir nas condições óptimas. Por exemplo, um carro com potência máxima de carregamento de 150 kW só atinge a sua velocidade máxima de carregamento num carregador com potência igual ou superior a 150 kW.