Oferta atual é curta
Um dos maiores entraves, senão mesmo o maior, à adopção em massa dos veículos eléctricos tem sido o seu preço. Para encontrar um BEV (veículo eléctrico a bateria) com, pelo menos, 300 km de autonomia (valores oficiais…) não há nenhuma proposta sequer próxima deste valor entre os fabricantes tradicionais. Para um particular, a menos que haja algum desconto dos fabricantes, a oferta começa pelos 33 000€ dos MG 4, Opel Corsa-e e do seu primo francês, o Peugeot e-208. A Fiat pede 34 000€ pela versão de entrada do 500e com bateria de 42 kWh e cerca de 2 000€ mais pelo seu recém-chegado irmão maior, o Fiat 600e. Mesmo o já veterano Renault Zoe já começa pelos 35 000€. Da China acabou de chegar o BYD Dolphin para ficar marginalmente abaixo da fasquia dos 30 000€.
É de notar também que todos estes carros são essencialmente veículos citadinos. Felizmente, começam a surgir algumas alternativas entre os familiares compactos, como o Renault Megane e-Tech ou, no início do próximo, o Volvo EX30, ambos com versões de entrada abaixo dos 40 000€.
O Santo Graal dos 25 000€
No entanto, o grande objectivo assumido por diversos construtores continua a ser o de oferecer um veículo eléctrico com espaço interior ao nível de um segmento C a combustão, autonomia interessante e preço de entrada abaixo dos 25 000€.
Como vimos antes, a oferta é praticamente inexistente abaixo dos 30 000€ mas, se baixarmos a fasquia para os 25 000€, o cenário é ainda mais desolador. Claro que para encontrarmos algum resultado temos que esquecer os 300km de autonomia WLTP mínima mas, mesmo assim, ficamos limitados a dois resultados: o Dacia Spring e o smart fortwo EQ (mas esqueçam andar de cabelos ao vento porque o cabrio já rebenta o plafond). São apenas dois mini citadinos, um deles com apenas dois lugares, pouco mais de 100km de autonomia e baseado num projecto pensado para combustão com quase 10 anos. São duas propostas marcadamente citadinas e com bastantes limitações.
Novidades a partir de 2024
O problema aqui é óbvio mas os fabricantes estão a trabalhar para ter propostas mais competitivas. Para cumprir o requisito de oferecer um carro eléctrico competitivo, Renault, Volkswagen e Citroën estão a trabalhar em projectos de raiz para conseguirem oferecer um modelo competitivo abaixo dos 25 000€.
O primeiro a chegar deverá ser o novo Renault 5 já no próximo ano. Inicialmente prometido como um EV de 20 000€, os objectivos foram entretanto revistos pela Renault para ficar abaixo dos 25 000€. O novo R5 irá também substituir o já veteranos Zoe o qual, apesar de um restyling profundo pelo meio, já leva uma longa carreira de 11 anos.
Mas, voltando ao R5, embora espera-se que venha a ter uma plataforma dedicada, a mesma deverá partilhar cerca de 70% de componentes com o futuro Clio (o último a combustão) mas deverá ser mais leve, mais económico e mais potente do que o Zoe. A partilha de componentes com o Clio e Captur permitirá diminuir custos, ao qual se juntará também um processo de fabrico mais eficiente. A Renault já mostrou diversos concept-car do novo R5 mas os detalhes técnicos ainda não se conhecem a fundo. Contudo, espera-se que venha a ter entre 125cv e 150cv, ser mais leve do que o Zoe e medirá cerca de 4 metros. Tudo isto deverá vir num pacote com baterias na casa dos 50kWh que prometem autonomia até 450km.
Resta-nos esperar por 2024 e esperar que não hajam atrasos no lançamentos nem derrapagens no preço.
Volkswagen só em 2025
Se a Renault deverá lançar o seu novo mini EV já em 2024, tudo indica que será necessário esperar pelo ano seguinte para chegar a vez do Volkswagen. Mostrado em Março com grande pompa e circunstância pela Volkswagen, o concept ID2.all promete ser tudo aquilo que o ID.3 não conseguiu ser: um verdadeiro sucessor do Golf como carro do povo. Aliás, não é ainda certo que o seu nome final venha mesmo a ser ID.2 ou ID2.all, havendo quem especule que se poderá vir a chamar ID.Golf.
Seja ID.2 ou ID.Golf, espera-se que seja um rival directo do futuro R5 mas a Volkswagen promete número ambiciosos. Na conferência de imprensa, em Março, disseram que o ID2.all irá recorrer a uma versão simplifica da MEB, com tracção dianteira, e terá um comprimento de aproximadamente 4 metros. Os alemães prometem ainda 226cv e uma autonomia WLTP de 450km. Tudo isto, por 25 000€. São números ambiciosos, veremos qual será o resultado.
Citroën também vai a jogo
Voltando a terras gaulesas, também a Citroën deverá ir a jogo com a próxima geração do C3. Ao contrário do que vem acontecendo, a próxima geração do citadino francês deverá ser distinta do 208, recorrendo a Citroën a uma versão simplificada para reduzir custos.
Ainda é escasso o que se sabe sobre este ë-C3, a informação foi partilhada por Thierry Koskas, director executivo da Citroën, numa entrevista em Junho deste ano. Koskas referiu que o futuro modelo, tal como o Renault 5 e Volkswagen ID2.all, terá cerca de 4 metros e mais de 300km de autonomia. A sua aparência deverá ser inspirada no concept Oli e é esperado para o final de 2024 mas deverá ser apresentado ainda em 2023.
Resta esperar para ver se estes construtores vão conseguir cumprir as suas promessas, algumas delas muito ambiciosas. Contudo, o mais importante é mesmo que estes carros eléctricos cheguem ao mercado e que outros construtores se juntem à oferta.