Quando pensamos em muscle cars pensamos em potentes carros americanos com um enorme V8 debaixo do capot, feitos para andar a direito e serem os mais entre um semáforo e outro. Se calhar, agora temos de pensar novamente.
Não que a corrida entre semáforos tenha desaparecido da equação mas o que muda agora é o que os faz mover entre luzes. As octanas dão lugar a electrões e a trovoada do motor dá lugar… bem, a altifalantes. Mas já lá vamos.
![Dodge Charger Daytona](https://batterya.net/wp-content/uploads/2024/03/Dodge-Charger-Daytona-15-scaled.webp)
A estrear nova plataforma
A Dodge, tal como a Chrysler, abandonou o mercado europeu pouco depois da fusão do Grupo Chrysler com a FIAT, há cerca de 10 anos. Hoje, ambos fazem parte da Stellantis. Quando saiu, a Dodge não nos deixou propriamente nenhum produto memorável. O Dodge Journey era um crossover familiar razoavelmente competente mas facilmente esquecível que viveu mais uns anos como FIAT Freemont e ficou por aí.
Entretanto, do outro lado do charco, a Dodge focou-se em criar mil e uma versões dos seus muscle cars, o Charger e o Challenger, cada vez mais extremas. Foi a despedida do mítico Hemi V8 e saiu em grande, com o louco Charger SRT Hellcat. Mas os tempos são outros e o V8 ficou para trás. O novo Charger vai continuar a ter versões a combustão mas agora apenas com um V6 twin-turbo. Giro, mas não é isso que nos traz cá.
![Dodge Charger Daytona](https://batterya.net/wp-content/uploads/2024/03/Dodge-Charger-Daytona-10-scaled.webp)
A Stellantis continua apostada na electrificação e agora chegou a vez da Dodge. O Charger, que chega em coupé e sedan, é o modelo que estreia a nova plataforma STLA Large da Stellantis e diz ser o primeiro e único muscle car do Mundo. De facto, parece correcto.
Faz sentido? Provavelmente sim. Potência com fartura e aceleração de colar ao banco são duas características que facilmente associamos a carros eléctricos e ambas assentam que nem uma luva em muscle cars. Uma carga completa dá para fazer muitas quarter mile drag races. E haverá melhor nome para um carro eléctrico?
Quantas drag races numa noite?
![Dodge Charger Daytona](https://batterya.net/wp-content/uploads/2024/03/Dodge-Charger-Daytona-5-scaled.webp)
Se se chamarem Toretto e tiverem um… hmm… “compromisso” numa rua escondida numa zona industrial quando quase toda a gente dorme, recomendamos uma carga completa. A parte boa da electricidade é que não acrescenta peso extra, por isso, podem ir com o depósito atestado.
O Charger Daytona tem uma bateria de 93.9 kWh e tem duas opções de potência. A versão base é a R/T com 496cv e 518Nm de binário, cortesia de dois motores, que dão para 510 km de autonomia. Ou seja, 317 milhas de autonomia, o que dá para fazer 1268 viagens de quarto de milha numa carga! Como é preciso ir e voltar, são 634 tentativas contra o relógio numa carga. Acreditamos que a ritmo de drag race a bateria pode gastar um bocadinho mais depressa, tentem compensar no regresso. Seja como for, parece que uma carga dá para umas horas entretidos. Quanto tempo dos 0 aos 100 km/h? 4,7 segundos.
![Dodge Charger Daytona](https://batterya.net/wp-content/uploads/2024/03/Dodge-Charger-Daytona-7-scaled.webp)
O Scat Pack dá uns mais respeitáveis 670cv e 850Nm mas a autonomia cai para 418 km ou, se preferirem, 259 milhas. 518 viagens de quarto de milha para cada lado. Alguém vai tentar descobrir na prática? Temos dúvidas mas os pneus 305/35ZR20 à frente e 325/35ZR20 atrás não devem ficar bem tratados depois de um treino desses.
No fim, para carregar a bateria de 400V do Charger (charge the Charger!), são precisos 28 minutos a potência de pico de 183 kW. Enquanto esperam, podem levar uma generosa merenda na mala de 650L do Charger. Rápido e prático! Dá também para levar uns amigos confortavelmente. Com 5,25m, o Charger é quase meio mais comprido que um BMW i5 e tem mais 8cm de distância entre eixos. As dimensões são idênticas no coupé e no sedan.
![Dodge Charger Daytona](https://batterya.net/wp-content/uploads/2024/03/Dodge-Charger-Daytona-12-scaled.webp)
De futuro, haverá versões com bateria de 800V e, claro, mais potência ainda, ou não estivéssemos a falar do Charger e as suas milhentas versões.
E o som?!
Pois, o som. Voltando do início, quando pensamos em muscle cars também nos vem à cabeça a trovoada de um V8 de grande volume mas sem V8 (sem cilindros, de todo!) fica mais difícil. Contudo, a Dodge não acha que os adeptos dos muscle cars abiquem disso, por isso, se não há som, faz-se.
O Charger Daytona tem um sistema chamado Fratzonic Chambered Exhaust System, algo que pode ser traduzido mais ou menos para Sistema de Escape com Câmara Fratzonic. Basicamente um nome bonito para dizer que têm uma câmara de som para simular sons de escape. O Charger Daytona tem altifalantes instalados em câmaras semelhantes ao sistema de escape para tentar recriar o som de um motor a combustão.
![Dodge Charger Daytona](https://batterya.net/wp-content/uploads/2024/03/Dodge-Charger-Daytona-1-scaled.webp)
Ainda não conhecemos o resultado final porque… a Dodge não se decide. Segundo Tim Kuniskis, o CEO da Dodge, já alteraram o som “umas 100 vezes”. O debate continua na Dodge e ainda não vimos a versão final no vídeo da apresentação. Kuniskis diz que o “barulho será alto. Tão alto como o de um Hellcat”. A promessa é de que o som artificial será capaz de igualar os 126 decibéis do V8 do Hellcat.
Enquanto não conhecemos o som final, deixamos aqui um vídeo com o som do concept que anteviu o Charger Daytona. Ou melhor, a segunda versão do som, porque a discussão começou cedo. A Dodge abandonou a primeira versão do som do Charger e, mais tarde, mostrou esta versão revista.
Discussão estranha para se ter acerca de um eléctrico. O gosto, deixamos à avaliação de cada um.
Podemos comprar cá?
Provavelmente não mas não excluiríamos de todo essa hipótese.
Apesar da Dodge não ter actualmente representação europeia, não é impossível que venha para cá. A Stellantis tem uma rede alargada de concessionários e tecnicamente não será muito diferente de outros modelos da Stellantis que utilizem a mesma plataforma.
Além disso, o maior inimigo da importação de muscle cars para cá, eram os impostos. V8 de 5.7L pagam uma enormidade de impostos por si só e mais outra enormidade devido às emissões. Por isso, vender o Charger Daytona não deve ficar a um preço tão proibitivo.