Primeiro elétrico da Honda deixa o mercado Europeu
Chegou a hora de dizer adeus ao Honda e. O pequeno Honda, primeiro modelo 100% eléctrico do fabricante japonês, deixa o mercado europeu já em Janeiro de 2024 após uma curta carreira.
Antecipado pelo concept Urban-e de 2017, o Honda e foi lançado na versão final há apenas 4 anos, em Janeiro de 2020.
O desenho do e foi inspirado pela primeira geração do Civic e tinha pormenores muito interessantes, como a ausência de espelhos retrovisores. No seu lugar, o pequeno citadino tinha câmeras de vídeo. Contudo, isso não foi suficiente para salvar o primeiro 100% eléctrico da Honda.
Vendas desiludem
Apesar do desenho muito recebido, as vendas ficaram muito aquém do esperado pela Honda. Os japoneses esperavam vender 10 mil unidades por ano no mercado europeu, mas, o melhor que conseguiu, foram 3436 unidades em 2021. Em 2022, o resultado foi ainda pior e as vendas desceram para 2110 unidades.
O preço e as características técnicas foram decisivos. Inicialmente, o Honda e custava 36000€ na versão mais baratas mas, nos últimos meses de vida, esse valor já era de 43000€. Com apenas 211km de autonomia, contributo da bateria de apenas 28.5 kWh úteis e sem carregamentos rápidos – a potência máxima de carregamento DC era 46 kW ou, dito de outra forma, precisava de uma hora para carregar 180km de autonomia – estava completamente desajustado ao mercado. Também não era pelo espaço que o Honda e. Com 171L de mala, também não era pelo espaço que convencia compradores. É certo que com estes valores de autonomia dificilmente o Honda e era o carro escolhido para ir de férias mas, com tão pouco espaço de carga, até uma ida ao supermercado exigia planeamento.
Com modelos como o Tesla Model 3 Single Motor à venda a um preço inferior, é quase impossível justificar o preço do Honda e.
Futuro elétrico da Honda
Quanto à Honda, o fim da carreira do e não significa o abandono do mercado dos eléctricos. A marca japonesa perde o pequeno citadino engraçado e ganha um SUV com um dos piores do mercado: o e:Ny1 (assim, com dois pontos e minúsculas e maiúsculas à mistura). Apesar de ser ainda mais caro, com o preço a começar nos 54750€, o Honda e:Ny1 tem outros argumentos que o Honda e nunca teve, desde logo os 412km de autonomia, 204cv e carregamentos rápidos de 78 kWh. Está longe do melhor que se faz na categoria mas é bem mais razoável do que o seu irmão mais potente.
O e:Ny1 irá competir directamente com o seu rival directo japonês, o Toyota bZ4X, quer em posicionamento, quer em qualidade do nome. A missão não é fácil, pois irá aterrar num dos segmentos mais competitivos da actualidade e terá concorrência não só do Toyota mas também do Tesla Model Y, Volkswagen ID.4, Volvo XC40 Recharge, Renault Scénic e-Tech, Mercedes EQA, Audi Q4 e-Tron ou o BMW iX1 e a lista continua.
Além do e:Ny1, a Honda irá continuar a expandir a sua gama 100% eléctrica. No início de 2024, na CES em Las Vegas, deverá mostrar um novo modelo. Quanto ao Honda e, é pena vê-lo partir. O estilo retro-futurista estava muito bem conseguido e, numa altura em que começam a surgir propostas citadinas elétricas em força, como o Citroën ë-C3 ou o futuro Renault 5 e-Tech, gostávamos de ter visto a Honda a modernizar o pequeno e com uma bateria melhor e um motor mais eficiente e, claro, um preço mais competitivo. Esperemos que a Honda nos venha a oferecer uma segunda geração que cumpre estes pedidos.